WOLF EYES NO SESC BELENZINHO – COMO FOI

“Freetação”. O trocadilho utilizado pela promoção da série de eventos de música torta e livre caiu muito bem na apresentação do Wolf Eyes, sábado, dia 20 de setembro de 2014, no sempre invejável e bem estruturado SESC Belenzinho.

Por míseros vinte e cinco reais, a audiência pôde entregar seu cérebro à frigideira sonora do Wolf Eyes, banda de quase vinte anos, criada em 1996 por Nate Young, o vocalista desajeitado, e pela qual já passaram Aaron Dilloway (saiu em 2005) e Mike Connelly (saiu em 2012).

Foram quase noventa minutos de uma sucessão ruídos, guitarradas e gritos que se confundiram no todo e pros desavisados poderia causar algumas gargalhadas pela falta total de estilo do trio.

Bem… Quem se importa com estilo? A guitarra de Jim Baljo supera a falta de traquejo. Com sua cabeleira e bateção de cabeça, Baljo está longe de ser um metaleiro clássico, daqueles risíveis. Ele parece estar mesmo tirando um sarro disso.

Até porque o Wolf Eyes se autodefine como “trip metal”. Ao vivo, nada de bate-cabeça, nada de tão viajante.

Diante das pouco mais de cinquenta pessoas que compareceram ao Teatro do SESC Belenzinho, a banda se mostrou mais dark/gótica e remeteu um bocado ao que seria ver o Alien Sex Fiend ao vivo (devia ser bem caótico, na verdade, coisa que o local, com todo mundo sentadinho e bem civilizado, não permitiu ao Wolf Eyes).

Nate Young, com seus óculos escuros, parecia encarnar Nicholas Wade com seus olhos pintados, mas sem sangue cenográfico e coisas do gênero. John Olson, desajeitado com seu teclado-programação, completava o quadro.

Se visualmente a coisa era bastante esquisita (no sentido de engraçada) e não casava com o local, a música valia a pena – embora também não conjuminasse com a performance. Isso se você curtir fritação cerebral. O Wolf Eyes não alivia. Por mais que o SESC imponha um limite de volume, o trio conseguiu utilizar o máximo e trucidar os ouvidos presentes. Era isso o que a plateia esperava.

O vocal distorcido e com eco, a guitarra rascante e imparável, as programações cheio de ruídos. Improvisações sobre músicas que os fãs identificavam, mas que pouco importavam, deixaram a plateia hipnotizada. Enquanto a banda claramente se divertia no palco, a plateia procurava digerir o que saía das caixas direto pro cérebro cada vez mais derretido. Eis o objetivo.

Pros iniciados, foi uma bela noite de sábado. Pra quem não era versado, o Wolf Eyes foi a descoberta que fritar um pouco a cuca não faz mal nenhum.

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