BEMÔNIO – OPSCURUM EP

“Opscurum” é o novo disco do Bemônio. Paulo Caetano e Gustavo Matos criaram uma sinfonia drone, ambient, experimental de nove interlúdios, como diz o nome da música, onde as canções funcionam em complemento, se aliando mesmo sendo diferentes e singulares.

O Bemônio já havia lançado um disco-de-uma-faixa-só, o “Ascoltare Durante Il Pranzo Dopo La Noia”, mas há uma grande diferença entre os dois trabalhos.

Paulo Caetano falou ao Floga-se sobre isso: “esse é diferente do processo do ‘Ascoltare…’. ‘Ascoltare…’ foi uma faixa composta ao vivo, sem edição, de 47 minutos, sem pausa. O ‘Opscurum’ já foi um processo de faixa a faixa, porém o intuito de deixar casado uma faixa na outra é de causar cortes bruscos. E a ideia é uma faixa com nove interlúdios. Interlúdios esses onde não há como passar de faixa, obrigando a ouvir num todo e sentindo ou digerindo as variações”.

É um disco engenhoso por assim dizer. Há realmente nove canções, nove variações, mas a engenhosidade não para por aí. Caetano nos conta que o processo de gravação foi diferenciado, o que contribuiu pro resultado final: “gravamos três horas de estúdio, somente a bateria, sem ter nenhuma música pronta, mas com estilos musicais pré-definidos. Após isso, peguei as bases de bateria e fui tocando e produzindo em casa sozinho e focado. Nem o Matos entrou nesse processo de imersão total. Foi algo desafiador, pois ouvir só a base de bateria é outra história completamente diferente”.

Foi o trabalho mais pesado da banda, psicologicamente falando, inclusive. “Foi. O mais.
Tudo o que faco não tem volta. Faço uma vez e pronto. Incorporo o erro em uma única tentativa”.

“Tudo surgiu num dia que acordei atordoado com um sonho doido. Algo de junção de fatos loucos sem nexo mas que se traduz em uma única etapa em interlúdios ou momentos distintos e que de certa forma são sem nexo… Por isso há variação bruscas de estilos no EP. mas sendo sempre sombrio”, tenta explicar Caetano.

A música-única do disco, ou os nove interlúdios juntos, totaliza quase vinte e três minutos. Mesmo quem não está acostumado a mergulhar na MTB terá uma agradável sensação de proximidade, de expurgar pesadelos. “Ospcurum” é “escuridão” em latim, mas curiosamente é um disco acessível – talvez brigue pelo título de mais acessível com “Serenata”, de 2012.

Paulo concorda: “sim, é o mais acessível. Mas continua denso. Não procuramos experimentalismo como som. Mas como execução e produção”, diz. “E se ouvir com calma ele tem resquícios dos outros álbuns. Dark ambient a la ‘Vulgatam…’ na última faixa. Ambient e texturas do ‘Ascoltare…’ na faixa inicial e bases mais amenas, porém com teor de noise no decorrer do EP. Apaziguar (os ouvidos dos fãs) não vai. Piorar no peso vai, com nosso próximo álbum, a ser lançado final do ano (chamar-se-á ‘Santo’ e não levará a assinatura ‘Bemônio’)”.

Por enquanto, mergulhe na obscuridade de “Opscurum”. Ouça na íntegra:

1. OPSCURUM – 9 Interlúdios.

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