DEPECHE MODE AO VIVO: BARCELONA (23 DE OUTUBRO DE 1987)

Dia 22 de outubro de 1987, o Depeche Mode começou a sua turnê mais bem-sucedida artisticamente. Era a oitava da carreira. O disco a ser promovido: “Music For The Masses”, o sexto da discografia.

Apesar do álbum ter clássicos como “Never Let Me Down Again”, “Strangelove” e “Behind The Wheel”, é só o sétimo na lista de produtos mais vendidos da banda (nos Esteites, segundo a RIAA). Mas quando a banda colocou o pé na estrada, em 1987, pra promovê-lo, tinha esperanças de superar as boas críticas do trabalho e turnê anteriores, “Black Celebration”, de 1986 (que à época não foi um sucesso de vendas, mas com o passar do tempo, pelas décadas seguintes, seguiu vendendo e chegou a disco de ouro em vários países e platina em outros).

Andy Fletcher (teclas e vocal de apoio), Dave Gahan (vocal), Martin Gore (teclas, guitarra, vocal, percursão) e Alan Wilder (teclas, bateria eletrônica) fizeram cento e um shows na turnê de “Music For The Masses”, sendo o último, dia 18 de junho de 1988, no Rose Bowl, Califórnia, imortalizado no DVD e disco duplo “101”, lançado em 1989, um grande sucesso mundial de vendas.

Mas quando deram os primeiros passos da maratona de quase um ano, abrindo os trabalhos na Espanha, o Depeche Mode ainda não sabia como sua base de fãs ia assimilar uma novidade que o disco trazia: pela primeira vez, o grupo tinha guitarra no estúdio e no palco. O instrumento, é verdade, ganharia holofotes apenas em “Violator”, o disco seguinte, de 1990, particularmente com “Personal Jesus”.

“A primeira vez que Martin Gore usou uma guitarra como instrumento principal de composição foi em ‘Personal Jesus'”, escreveu o biógrafo de Dave Grahan, Trevor Baker, em “Dave Gahan – Depeche Mode & The Second Coming”, de 2009. “Mas ele já havia usado pequenas partes de guitarra em músicas anteriores, como ‘Behind The Wheel’ (…). Apesar disso, ao vivo, ele costumava trocar os teclados por guitarra pra executar faixas como ‘Never Let Me Down Again’ e ‘A Question Of Time'”.

“Music For The Masses”, o título, era uma brincadeira da banda, que era cobrada pra fazer música “mais acessível”. O resultado final, apesar dos hits citados, não é exatamente “comercial”. Baker diz que Gahan e Gore estavam “pensando especificamente no (mercado dos) Estados Unidos” quando se referiam a “sucesso”.

Foi o sucesso financeiro da turnê de “Music For The Masses” que permitiu isso. “Isso deu uma nova liberdade à banda”, escreve Baker. “Um bom exemplo foi ‘Enjoy The Silence’. Ela surgiu como mais uma balada soturna de Gore, até que Alan Wilder adicionou um rife de guitarra e a canção se tornou outra coisa completamente diferente”. Foi a primeira vez que a banda achou que tinha um sucesso em mãos – a despeito de tudo o que já haviam vendido e conquistado, mesmo sem guitarra.

Mas nenhuma dessas canções estava na turnê de 1987. “Violator”, afinal, só chegaria anos depois, e “Music For The Masses” era um preâmbulo, ou uma virada-de-chave pra se chegar lá. Uma bela virada, diga-se. “Strangelove” estava ali e já era um grande sucesso, rodando em boa frequência, nas rádios e nas pistas, desde abril. Foi uma das protagonistas da turnê, junto com “Behind The Wheel”.

Nesse segundo show da maratona dos cento e um, o Depeche Mode tomou o Palau Blaugrana, em Barcelona, o antigo ginásio do famoso clube catalão, no complexo do Camp Nou, e colocou dez mil pessoas ali dentro.

O grupo tocou por pouco mais de uma hora e meia, com dois bis e um bom passeio pela discografia até ali, incluindo seis de “Music For The Masses”.

A gravação que se vê abaixo tem baixa qualidade de áudio e de vídeo (imagine a portabilidade dos equipamentos trinta anos atrás), mas dá uma boa ideia de como nascia esse novo Depeche Mode. Na Internet, nas plataformas de vídeo como YouTube, Vimeo e Dailymotion, é possível encontrar vários áudios e vídeos completos de shows dessa turnê, com qualidade variável – há ótimos e outros tão ruins quanto o que está colocado neste artigo). Vale a pesquisa.

01. Behind The Wheel
02. Strangelove
03. Sacred
04. Something To Do
05. Blasphemous Rumours
06. Stripped
07. Pipeline
08. The Things You Said
09. Black Celebration
10. Shake The Disease
11. Nothing
12. Pleasure, Little Treasure
13. People Are People
14. A Question Of Time
15. Never Let Me Down Again

BIS
16. A Question Of Lust
17. Master And Servant

BIS 2
18. Everything Counts

Leia mais:

Comentários

comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.