FAITH NO MORE NO ESPAÇO DAS AMÉRICAS – COMO FOI

UM PRAZER SEXUAL
Texto: Janaína Azevedo Lopes
Foto: Fabrício Vianna (Rolling Stone)

Na turnê de retorno do Faith No More aos palcos, lá em 2009, o site engraçacinho de notícias especializado em música pesada Metal Sucks resenhou uma dessas apresentações. O texto descrevia, bem, uma sessão de… sexo. Com toda a riqueza de detalhes possível, além do limite do obsceno, como alguém poderia reclamar. Quem quis saber os detalhes factuais, o setlist ou quais micagens Mike Patton aprontou por certo ficou decepcionado ao ler o texto do Metal Sucks. Sem nenhuma palavra referente à música ou a qualquer coisa que acontecia no palco, o resenhista elevou a experiência ao nível de sensação atingido durante uma cópula. Como se o Faith No More fosse a/o parceira/o, e o resultado final, bem, todos sabemos qual é.

Por que a banda suscita esse tipo de reação?

Ouvindo o disco novo, “Sol Invictus” (2015), e assistindo ao primeiro show da passagem pelo Brasil, na noite de quinta-feira, 24 de setembro, no Espaço das Américas, em São Paulo, é possível entender alguns dos motivos. A música é o principal deles, e a personalidade que ela ostenta é a grande graça. Com a naturalidade de quem abre o próprio zíper, a banda vai de acordes pesados pra uma melodia dançante, pra depois voltar com o peso massivo e descambar numa balada. Os primeiros discos, ainda com Chuck Mosely nos vocais, já davam as notas disso. Ao vivo, eles botam metaleiro e não-metaleiro ombro a ombro, dançando junto, bangueando junto, tocando air guitar junto.

O repertório sólido, com uma margem de manobra de alguns hits que tornam o show sempre uma grande expectativa, é outro trunfo. Depois do início com “Motherfucker”, eles logo emendam “Land Of Sunshine”, com os acordes de baixo chicoteando os ouvidos. Teve hits massivos (“Epic” e “Easy”), teve clássicos pessoais dos fãs (“Midlife Crisis”, “The Gentle Art Of Making Enemies”), teve música do primeiro disco pré-Patton (“The Crab Song” e “Chinese Arithmetic”)…

Do “Sol Invictus”, cinco músicas: além de “Motherfucker”, teve “Separation Anxiety”, “Matador”, “Superhero” e a incrível “Sunny Side Up”. Teve Mike Patton e Roddy Bottun tagarelando em português, querendo cantar Caetano Veloso, citando Meghan Trainor (em “Chinese Arithmetic”). Não teve duas músicas óbvias (“We Care A Lot” e “Caralho Voador”). Terminou com o cover de Bee Gees ao vivo e Burt Bacharat no som mecânico, pra quem esperava que a banda poderia voltar pra um segundo bis. A boa e velha banda que ia do cover do Black Sabbath ao cover do Commodors não mudou nada, e assisti-los no palco é revigorante.

Ou seja, de fato, é um prazer sexual assistir Faith No More.

Depois, a banda tocou o Rio, no Rock In Rio, a segunda e última da atual passagem pelo Brasil. Dentro da escalação bizonha do festival, o Faith No More abre pro Slipknot. Uma verdadeira brochada.

01. Motherfucker
02. Land Of Sunshine
03. Caffeine
04. Everything’s Ruined
05. Evidence
06. Epic
07. Sunny Side Up
08. Midlife Crisis
09. Chinese Arithmetic
10. The Gentle Art of Making Enemies
11. Easy (The Commodores cover)
12. Separation Anxiety
13. Matador
14. Ashes To Ashes
15. Superhero

BIS
16. The Crab Song
17. From Out Of Nowhere
18. I Started A Joke (Bee Gees cover)

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