RESENHA: SATANIQUE SAMBA TRIO – MÓ BAD

Talvez o principal conceito de “Mó Bad” seja a dissolução de um conceito central, pra nos afastar de qualquer eixo “temático”. E, considerando toda a discografia do Satanique Samba Trio, aqui os níveis de desconstrução atingem o ápice criativo.

Nos lançamentos anteriores, eles “brincavam” com a música brasileira usando seus próprios estereótipos, mas agora eles abusam também da “massa sonora”, ou seja, com a própria gravação. E essas disparidades das texturas durante o decorrer do EP exibem um conjunto que sai ainda mais da sua zona de conforto bem esquisita. Instiga o ouvinte não só a questionar os processos de produção da música atual, mas também brinca com “estilos” decididamente emergentes nessa última década.

Todo esse divertimento não deve afastar a ideia de que há uma forma musical, rígida à sua maneira, por trás da composição do Satanique – o que indica muito a influência de nomes mais “sérios”, até do expressionismo.

Em “Mó Bad”, o conjunto não abandona as ideias anteriores, mas adiciona os elementos de descoberta mencionados acima pra aumentar a amplitude dos diálogos musicais já estabelecidos nos trabalhos antecessores.

(fica aqui meu não entendimento desse grupo não ser “viralizado” na Internet, o que deixa a seleção virtual ainda mais incompreensível).

Como todos os outros lançamentos do Satanique, há certa “demência” que ronda “Mó Bad” e que talvez seja ela mesma a principal marca do conjunto. E como essa sensação de loucura acompanha conceitos tão específicos é o principal segredo. As gravações em fita e em celulares não aprisionam ou reduzem as ideias da banda.

Ouvir esse EP é extremamente necessário pra se ter uma ideia do como anda a música brasileira, cada vez mais heterogênea e, me parece, se isolando em pequenos nichos virtuais e sociais.

Não é só o modelo de música que o Satanique apresenta que causa estranhamento, mas sim a coerência com os últimos lançamentos e com a contínua evolução do conjunto enquanto desconstrutor de formas estabelecidas.

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NOTA: 9,0
Lançamento: 16 de março de 2015
Duração: 23 minutos e 41 segundos
Selo: Far Out Recordings
Produção: Satanique Samba Trio

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