FOURFEST 2011 – COMO FOI

Alguém me disse ontem: “tem que ser muito mala pra não gostar do The Pains Of Being Pure At Heart”. É por aí. Pode acrescentar o Ariel Pink e sua Haunted Graffiti e até mesmo o pessoal do Some Community, que fez um show surpreendente (pelo menos pra mim, que torcia um tanto o nariz pra eles).

Nessa noite, em que o FourFest se tornou indie (a edição do ano passado foi diferente), com três bandas ainda não impulsionadas pelo furor febril de fanzocas ensandecidas (como Strokes, Arctic Monkeys, Arcade Fire e Foo Fighters, as bolas da vez pros brasileiros), se divertir foi fácil. Reclamar pareceu-me impossível.

É óbvio que sempre há um detalhe ou outro. O som não estava lá as mil maravilhas, estourado em muitos momentos, mas é detalhe. Logo na primeira suingada desajeitada de Ariel Pink, suando anos 70 por todos os poros, o espectador deveria esquecer esses poréns. É irresistível o molejo sacana-negão desses estadunidenses. Ariel é doidão, mas não rasga dinheiro – não que eu saiba – e faz seu show com competência. Certamente ganhou muitos fãs entre aqueles que estavam ali só pelo Pains.

E olhe que seu som não é tão fácil quanto o da atração principal. Com canções de dois minutos, dois minutos e meio, três no máximo, o TPOBPAT injeta uma boa dose de microfonia, barulheira e chiados às suas peças pop, mas decidiu francamente pelo predomínio da doçura, o que torna tudo de fácil digestão. A audiência acaba correspondendo, pulando e cantando sem parar. Com a sucessão de canções perfeitas, até os malas, lá no íntimo, pularam. Ou bateram o pé no ritmo, escondido, pra ninguém ver.

“Belong” abriu os trabalhos pra uma plateia bem aquecida. Na sequência, vieram “This Love Is Fucking Right”, incitando um trocadilho que poderia resumir o show “fodamente bom”, e “Heart In Your Heartbreak”, quando a lotação cantou alto o suficiente pra cobrir a voz de Kip Berman. Se tudo tivesse terminado ali, com apenas três músicas, o pagante poderia se sentir satisfeito. Mas ainda teve “The Body”, “Stay Alive”, “Young Adult Friction”, “My terrible Friend” e “Contender” apenas com Berman na guitarra.

Não foi um show longo, mas foi um espetáculo completo, daqueles de deixar a garganta arranhada, as panturrilhas inchadas e o coração quente. A música pop mais uma vez provou seu valor, com hype ou sem hype. Só os malas não conseguem enxergar isso, mas até eles devem ter saído satisfeitos do Clash Club ontem.

Setlist The Pains Of Being Pure At Heart:
01. Belong
02. This Love Is Fucking Right
03. Heart In Your Heartbreak
04. The Body
05. Heaven’s Gonna Happen Now
06. Stay Alive
07. Young Adult Friction
08. My Terrible Friend
09. Even In Dreams
10. Everything With You
11. Contender
12. Say No To Love

Veja “This Love Is Fucking Right”:

“Heart In Your Heartbreak”:

“Heaven’s Gonna Happen Now”

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Comentários

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8 comentários

  1. The Pains of Being Pure At Heart !!! Que apresentação.Confesso que poucas vezes pulei e cantei em um show como o de ontem, pobre do Ariel Pink, fez um show legal; mas minha vontade de ver o Pains era tanta que acabei nem me empolgando tanto com o show dele na espera da banda que é uma das minhas favoritas.Para não me alongar muito só digo que foi tudo perfeito , o público, as bandas e a Clash (com exceção da lata de cerveja a 6 reais ) . Que o Fourfest 2012 continue por esse caminho.

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