KALOUV – PLANAR SOBRE O INVISÍVEL EP

“Planar Sobre O Invisível”, um EP de duas músicas que o Kalouv soltou dia 22 de agosto de 2016, via Sinewave (baixe aqui) e Bichano Records, é mais um exemplo de como a Converse ajuda a manter o subterrâneo da música brasileira bem ativo e fervilhante. A peça foi gravada quando o grupo pernambucano deu uma meia-trava em São Paulo durante sua turnê no começo do ano, que passou por dez cidades brasileiras, e foi ao Family Mob dentro do projeto Converse Rubber Tracks.

O grupo formado por Basílio Queiroz (baixo), Bruno Saraiva (teclado), Rennar Pires (bateria), Saulo Mesquita (guitarra) e Túlio Albuquerque (guitarra) soltou recentemente o belo “Pluvero” (2014, ouça aqui) e “Planar Sobre O Invisível” segue a mesma trilha de paisagens instrumentais abstratas e estimulantes à imaginação.

A banda diz que as duas músicas “evidenciam ainda mais algumas inspirações da Kalouv, como jogos eletrônicos, filmes e quadrinhos, além da predileção em criar espécies de trilhas sonoras pensando nesses universos”, mas sua música como um todo – não só nessa obra – é palpável como um livro, etérea como o estímulo do conteúdo de tal arte, abrindo um bom espectro de interpretação visual de acordo com o leitor/ouvinte. Fica a critério de cada um. A distância entre o que se quer e o que se recebe se percorre num ambiente de absoluto desconhecimento.

O post-rock e o progressivo estão aí, fincados em bases sólidas, e, como todo artista que se preste a um estilo, corre o risco de parecer igual demais a si próprio. Como num livro: a ferramenta é a língua, com as palavras, o alfabeto e a gramática idênticos a de todos os outros do mesmo idioma. A questão é o que se faz com essa ferramenta. E como se estimula o leitor/ouvinte a imaginar.

“Planar Sobre O Invisível” pode até se prestar a ser trilha disso ou daquilo. Do ímpeto imaginativo dos outros ninguém duvida. Como o resultado é percebido são outros quinhentos. Cabe a cada ouvido e mente. Daí que a música do Kalouv faz boa conta: tem propósito e intenção definidos e o ouvinte bem avisado sabe que o resto é por conta dele mesmo.

As duas músicas tem lá suas doses de força e experimentação, o que pode estimular novas imaginações ao ouvinte, diferente daquelas que a banda já estimulou no passado. Se será suficiente, isso é da viagem pessoal do receptor. Pode ser um furo, pode ser uma espiral na mesmice. Pode ser o impulso pra novos delírios. Dá pra dizer que o quinteto fez seu trabalho muito bem feito. É que no invisível, tudo é permitido.

Ouça aqui:

No Family Mob, o disquinho foi gravado por Jean Dolabella, André Sangiacomo e Bruno Lafaza, mas teve sessões adicionais no Estúdio CODA, de Recife, por Arthur Azoubel. A master é de Roberto Kramer (Team.Radio, Panda Eyes). A arte é de Alexandre Palacio, com desenho gráfico de Pedro Muniz.

1. Peixe Voador (clique aqui pra ver o vídeo)
2. Da Bravura, Inocência

Foto que abre o post: Hannah Carvalho

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