NOISE WAVES #1: THE OSCILLATION – VEILS

Inaugurando a sessão Noise Waves, aqui no Floga-se, escolhi o segundo álbum dos ingleses do The Oscillation, “Veils”, de 2011, um combo que literalmente descontroi a musica pop, tornando-a distante e desinteressante.

Qual o prazer de estar frente a frente com uma obra primitiva e totalmente atípica pros tempos de hoje? Quais foram suas reações ao ouvir pela primeira vez álbuns como “Tago Mago”, do Can (1971); ou NEU!; ou ainda Silver Apples, o homônimo (1968); ou também o “Playing With Fire” (1989), do Spacemen 3?

Todos são taxados como obras-primas da música de vanguarda, ouvir álbuns como esses são experiências únicas, ainda mais quando se está descompromissado com tudo e todos. A excentricidade de estar sendo abduzido a cada canção é algo inexplicável, essas são experiências verdadeiramente intensas e com isso mudam-se comportamentos e dão novos rumos aos ouvintes.

“Veils” chegou até mim por intermédio de um brother, o vasculhador de bons sons Al Schenkel, que tem no currículo o blogue Sussuros e Escarros. Lembro-me da apresentação do Oscillation e do álbum:

– Renatão, você já ouviu Oscillation?
Brother, ainda não, do que se trata?
– Renatão, isso é acido, cara, escute urgente, pelo amor de deus!

Bom, quando um de meus amigos coloca o termo religioso em alguma indicação é porque o negócio é sério, e no caso do Oscillation o negócio é serissimo. Fui atrás e me deparei com uma nova banda que viaja entre o mundo do krautrock, passando pelo psicodelismo guitarristico do Spacemen 3/Spiritualized, criando verdadeiras odes, ou melhor, druggy mantras, pra serem digeridos em conjunto com algum destilado e acompanhado por psicotrópicos, porque a música do Oscillation não é digerível por si só, sua mente vai sendo sugada a cada nota.

Já nos primeiros acordes de “Sandstorm”, o convite a uma bebida é inevitável. E foi o que eu fiz. Logo estava no universo do Oscillation e vice-e-versa. Não pensei duas vezes, indiquei a pelo menos mais dois ou três amigos, pra que pudéssemos entrar no transe em conjunto. Com isso, a estupenda “Future Echo” desceu como um grande abalo psicodélico, de deixar qualquer hippie flower power com enxaqueca. O instrumental é complexo e grandioso. Às vezes, os vocais dão o ar da graça, às vezes, não. E quando isso acontece, o Oscillation deixa clara sua admiração por Spacemen 3.

Inúmeros transes ainda acontecem até “Veils”, a canção. Aí, meu caro, é quase que inevitável a embriaguez sonora por completo, que somente a libertação final, com “Lament” pode te purificar.

“Veils”, o álbum, é assim: um purgatório psicótico, somente encontrado nos submundo dos bons sons – isso, logicamente, se você conhecer o local de entrada. Se você realmente está preparado pra druggy sounds entre e tome sérios cuidados, pois ao contrário do que se lê no encarte do “Ladies And Gentlemen We´re Floating in Space” (o clássico álbum que o Spiritualized lançou em 1997), onde recomenda-se o uso pro tratamento da alma e do coração, “Veils” é recomendado para ativar os seus impulsos psicóticos e insanos mais secretos.

Certamente, não recomendado pra indie kids.

01. Sandstorm
02. Future Echo
03. Fall
04. The Trial
05. Interlude
06. Telepathic Birdman
07. Shake Your Dreams Awake
08. See Through You
09. Veils
10. Lament

Ouça aqui na íntegra:

The Oscillation
Album – Veils
Ano – 2011
Gravadora – All Time Low

The Oscillation é Demian Castellanos (em estúdio, todos os instrumentos), com participação ao vivo de DC (voz, guitarra), Tom Relleen (baixo), Chris Wackrow (teclados, guitarra) e Jon Abbey (bateria).

Renato Malizia é editor do blogue The Blog That Celebrates Itself. Ele fez essa entrevista com o Oscillation, recém publicada. Este post se torna completo com a entrevista. Leia ambos.

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