OS DISCOS DA VIDA: LABIRINTO

Da série de elogios que se pode fazer ao pessoal da Labirinto, um que vale ressaltar no momento é o ecletismo. É o que se vê nessa lista de “Os Discos da Vida”. Acrescente aí talento, integrantes boa-praça, altruísmo, empreendedorismo, abnegação e muito mais.

Mas, ao ouvir o magnífico “Anatema”, o mais recente disco da Labirinto, o que importa saber, a priori, do combo que gira em torno do casal Erick Cruxen e Muriel Curi é como eles conseguiram chegar a esse tipo de som na inversa mão de quase tudo o que é produzido em terras brasileiras. Aliás, se você voltar alguns passos, entrar numa cápsula de desinformação e tomar contato pela primeira vez com a banda, é capaz de nem perceber que essa música é feita por brasileiros.

Talvez a lista abaixo não entregue todo o jogo. Formação musical não é sinônimo de inspiração ou de referência. Há pouco aqui que possa ser remetido ao que a Labirinto faz musicalmente. Entretanto entrega um outro elogio que lhes é merecido: a busca pelo novo, a ousadia, o uso articulado da linguagem que aprenderam nessa formação.

E isso não é pouco.

MURIEL CURI (bateria e sintetizadores)

Sleater Kinney – “Call The Doctor” (1996)
Pra mim é uma banda que está no meu Top 10 de prediletas, e com certeza é uma das que mais escutei e ainda escuto. Amo todos os álbuns delas. “Call The Doctor”, provavelmente, foi um dos que mais ouvi, mas poderia colocar nesta lista, qualquer um deles.

Ouça “Call The Doctor”:

Jawbox – “For Your Own Special Sweetheart” (1994)
Criatividade, qualidade musical, qualidade técnica e gravação impecável, pra mim é um dos álbuns mais perfeitos.

Ouça “Savory”:

Pennywise – “About Time” (1995)
Este não é um álbum que ainda escuto com frequência, mas na época de adolescência, foi um dos primeiros discos que escutei muito – até quase quebrar o CD dentro do player – e que, sem dúvidas, contribuiu pra formação do meu gosto musical.

Ouça “Killing Time”:

Fugazi – “Repeater + 3 Songs” (1990)
Foi o primeiro álbum do Fugazi que escutei, e todos vieram na sequência, desconstruindo tudo o que eu conhecia de música na época (eu ouvia muito hardcore e metal, e estava começando a escutar pós-punk e vertentes). Atualmente ainda acho que toda a discografia do Fugazi é essencial na minha coleção de discos.

Ouça “Repeater”:

Godspeed You! Black Emperor – “F# A# oo” (1997)
Escutei uma série de vezes este álbum, mas foi somente após ver uma apresentação ao vivo da banda, que me fez considerar esta/e a melhor banda/disco de todos os tempos. Também serviu muito de inspiração em nossas
produções musicais, e para mim, atualmente, nada supera as composições deste álbum.

Ouça “Dead Flag Blues (“Intro” e “Outro”)”:

DANIEL FANTA (guitarra e piano)

The Beatles – “Abbey Road” (1969)
Ainda hoje considero o Beatles a maior banda de rock (tanto pela qualidade das canções, quanto pelas inovações estilísticas e técnicas). O “Abbey Road” provavelmente é o mais acabado dos discos deles, mas também poderia ter colocado outro, como o álbum branco ou o “Sgt. Peppers”.

Ouça “Because”:

Atheist – “Unquestionable Presence” (1991)
Pra quem – como eu – gosta de som pesado, criativo e com muitas mudanças rítmicas, esse disco do começo dos anos 90 é uma ótima pedida. Eu não me canso de escutá-lo.

Ouça: “Your Life’s Retribution”:

Yes – “Close To The Edge” (1972)
Um dos discos clássicos do Yes. Acho que o som do Yes difere da maioria das bandas progressivas, porque cada integrante tem um jeito bastante pessoal de tocar seu instrumento, criando uma sonoridade distinta. Dos discos que gravaram nos anos 70, eu gosto de todos.

Ouça “And You and I”:

Radiohead – “Ok Computer” (1997)
Coloquei esse disco do Radiohead, por ser aquele que primeiro despertou meu interesse pela banda (apesar de eu já conhece-la anteriormente). Também gosto muito do “Kid A”, do “Amnesiac”, do “The Bends” e do “Hail To The Thief”. Enfim, acho que o Radiohead trouxe de maneira mais clara para o rock um estilo de composição mais polifônico (e menos harmônico) – perspectiva essencial para o pós-rock.

Ouça “Airbag”:

Frank Zappa – “Joe’s Garage” (1979)
Humor, ironia, pornografia, crítica social, mais alta qualidade de execução, de gravação e de composição, igual a “Joe’s Garage”. Ultimamente tenho escutado muito esse disco, mas há pelo menos duas dezenas de discos do grande mestre que são importantes na minha vida.

Ouça “Catholic Girls”:

ERICK CRUXEN (guitarra e efeitos)

Godspeed You! Black Emperor – “F# A# oo” (1997)
Meu disco e banda favorita, de todos os tempos. Com o Godspeed aprendemos como uma banda poderia fazer músicas belíssimas, ricas em informações (instrumentais, harmonias, dinâmicas) e ao mesmo tempo, contestatórias e revolucionárias. Tornou-se umas das referências no meu cotidiano, e como compositor.

Ouça “Slow Moving Trains”:

Swervedriver – “Mezcal Head” (1993)
Conheci o Swervedriver, e esse disco, através de um jogo de videogame, no início dos anos 2000. Gostaria de tê-lo feito antes. Foi paixão a primeira audição. Guitarras, melodias e vocais maravilhosos. Composições que também se tornaram referência em minha vida.

Ouça “Duel”:

Fugazi – “In On The Killer Taker” (1993)
Na verdade escolhi esse disco pra representar um todo:D ischord, Fugazi, Minor Threat, Ian Mackaye… Tudo isso fez parte da minha formação musical, ideológica e cultural. Seria uma pessoa muito pior se não tivesse conhecido esse disco.

Ouça “Smallpox Champion”:

Babes In Toyland – “Spanking Machine” (1990)
Tanto o “Spanking Machine”, como o “Fontanelle” (outro disco do Babes, lançado em 1992) foram trilhas de inúmeras madrugadas melancólicas, pedalando pelas ruas solitárias da Unicamp, há uns 16 anos. As músicas possuem uma agressividade metafísica, que nos aponta para o que realmente importa na vida. Algo que ainda persiste até os dias atuais.

Ouça “Vomit Heart”:

Neurosis – “Through Silver In Blood” (1996)
Talvez seja a “última” grande referência de minha formação musical, apesar do disco ser de 1996. Na minha opinião, é o melhor do Neurosis, e me mostrou um som inclassicável, ao misturar metal, punk, doom e experimentalismo; som denominado por alguns como sludge, ou post-metal. “Locust Star” é um épico, e certamente, uma das melhores músicas de todos os tempos.

Ouça: “Locus Star”:

HUGO FALCÃO (guitarra e bateria)

The Beatles – “Abbey Road” (1969)
Quando ouvi “Abbey Road”, fiquei encantado com o que foi feito naquela época, tanto as musicas que são
maravilhosas junto da mais incrível produção de audio em geral. Uma mixagem maravilhosa, adoro ouvir com aqueles fones de ouvido bem grandes.

Ouça “Here Comes The Sun”:

Nirvana – “In Utero” (1993)
O Nirvana foi a banda que realmente me fez decidir a tocar. Lembro que o primeiro disco do Nirvana que
ganhei foi o “Nevermind”. Um dia minha mãe chegou pra mim e disse que tinha ido em uma loja para comprar algo (não me recordo o que era) e se deparou com uma aglomeração diante da estante de discos, todos comprando um disco “azul com um bebê nadando na capa”, o último lançamento do Nirvana na época, aqui no Brasil. Dali em diante realmente sabia que queria tocar. O trabalho de estúdio e produção do “In Utero” é incrível, um dos meus sons de bateria preferidos, um ótimo trabalho de Steve Albini, também um de meus engenheiros de áudio prediletos.

Ouça “Pennyroyal Tea”:

Led Zeppelin – “Physical Graffiti” (1975)
O Led Zeppelin dispensa comentários, e definitivamente a sonoridade desse disco também entra na lista das minhas preferidas. Ouvi muito o “Physical Graffiti” e de definitivamente é uma influencia muito forte na minha música.

Ouça “Kashimir”:

Husker Dü – “Candy Apple Gray” (1986)
Me lembra a época que eu tocava, na adolescência; adorava ouvir esse disco antes de ensaiar e andar de skate. As melodias vocais e as letras de Bob Mould e Grant Hart são incríveis. Tem outro que amo, quando ouvi o “Warehouse: Songs & Stories”, fiquei fascinado, mesmo sendo um disco longo, eu nunca me cansava de escutá-lo inteiro.

Ouça “Don’t Want To Know If You Are Lonely”:

Jimi Hendrix – “Electric Ladyland” (1968)
Todos que vieram antes desse disco são indiscutivemente geniais, porém o trabalho de produção e mixagem do “Electric Ladyland” são influência até hoje. O casamento Eddie Kramer + Gary Kellgren foi excepcional pra essa maravilhosa obra, fora aquela arte do disco de vinil com as garotas peladas. Difícil de achar pra comprar.

Ouça: “Have You Ever Been (To Electric Ladyland)”:

Na próxima edição de “Os Discos da Vida”, Sinewave.

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Cretina”.

Leia mais:

Comentários

comentários

Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.