THE JESUS & MARY CHAIN NO HOUSE OF BLUES, TEXAS

Algum crítico questionou: “o que será do SXSW 2012, depois que o Jesus & Mary Chain passou por aqui?”. Realmente, não dá pra medir a importância da banda hoje em dia sem abrir um leque que envolva até mesmo um grupo que ainda vai nascer. E o Jesus, veja bem, nem era assim tão original, certo, amantes do Velvet Underground?

Lito Barbosa, um amigo (tem um emprego e uma profissão respeitáveis, longe de ser blogueiro, jornalista ou mesmo crítico de música ou “arte”), não tá nem aí, afinal, ele nem iria ao SXSW. Na verdade, estava em Austin a trabalho e, ao saber que o Jesus & Mary Chain faria alguns dos quatro shows da volta aos Esteites nos dias em que estaria lá, não teve dúvidas e comprou seu tíquete. Esse show no House Of Blues seria o terceiro da banda no país desde 2008. Antes, dia 11 de março, tocaria em Denton, Texas; e dia 12, em Nova Orleans.

Ao chegar no House Of Blues, de Austin, Texas (dia 13/3/2012), o Jesus & Mary Chain já havia reavivado memórias e dado às novas gerações um gosto do que é capaz. Lito conta como foi.

BARULHO REVIGORANTE
Por Lito Barbosa

Ver o Jesus & Mary Chain na “casa do blues” soa um tanto estranho, mas é o que tinha pro momento. Pensei naquela história: o público de blues ouvindo isso acabaria mais perdido que gol do Deivid, mas, bem, certamente não haveria “público de blues” ali. Mas “blues” é até um termo apropriado pra arte dos irmãos Reid: tristeza, melancolia e solidão – embora haja um bocado de bom humor também, vai.

Havia um público razoavelmente óbvio: gente na faixa dos 35 a 45 anos, quase nenhum daqueles hipster chatos que a gente costuma ver num show dessas bandinhas novas (tá bom, tá bom, talvez eu seja um hipster que gosta dessas bandinhas novas). Era um povo que parecia realmente gostar da banda e conhecer o trabalho dessa instituição.

Tanto que quando William Reid, gordo e de óculos, começou as notas “Snakerdriver”, teve todo aquele lance de volta ao tempo. Um pouco de silêncio reverencial, um tanto de estupefação. Admiração. Certamente um bocado de gente se viu com quinze, vinte anos, tomando sua pinga com limão nos botecos mais sujos da juventude.

O Jesus & Mary Chain, nesse quesito “lembrança”, pelo menos pra mim, não é fácil. Vivi minha juventude ao som deles (e do The Cure, do Smiths e do Bauhaus também). O setlist maltratou: teve o clássico absoluto “Head On” (que o Pixies ousou fazer uma versão), “Far Gone And Out”, a dançante “Blues For A Gun”, a lisérgica “Teenage Lust” e a ensurdecedora “Cracking Up”, e teve as baladas “Some Candy Talking”, “Happy When It Rains” e “Just Like Honey”.

“Sidewalking” fez todo mundo pular e o chão tremer. E fechar com “Reverence”, com toda aquela pedaleira que fez a fama do Jesus & Mary Chain, deixou meus ouvidos apitando por um bom tempo – na reunião do dia seguinte, estava ainda meio atordoado; tentei explicar, mas o gringo da empresa que eu visitava, certamente deve ter me achado um fanático religioso. De certa forma, eu sou, o J&MC é minha religião.

Uma religião barulhenta que não importa o quanto tempo fique inativa, em silêncio: quando resolve aparecer, deixa nos ouvidos e no coração um barulho delicioso – e revigorante.

01. Snakedriver
02. Head On
03. Far Gone And Out
04. Between Planets
05. Blues From A Gun
06. Teenage Lust
07. Sidewalking
08. Cracking Up
09. All Things Must Pass
10. Some Candy Talking
11. Happy When It Rains
12. Halfway To Crazy
13. Just Like Honey
14. Reverence

“Teenage Lust”

“Some Candy Talking”

“Happy When It Rains”

“Just Like Honey”

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