ALCE GAROTO – GAROTO ALCE

Thiago Miazzo já andou pelo Floga-se com sua MTB no Gruta e com todos os lançamentos de seu selo TOC Label.

Na noite de 12 de dezembro de 2012, Thiago me avisa que está pra gravar um disco: “hoje estabeleci uma meta – gravar um álbum inteiro até o fim da noite; vamos ver se consigo, comecei à 17:30h, quem sabe entro pro Guinness com o disco mais rápido de todos os tempos (ri)”.

Três horas e trinta e quatro minutos depois: “terminei”.

Pesquisei no Guinness Book e não achei um recorde que determine “o disco mais rápido já gravado”. Talvez Miazzo e seu novo projeto, o ALCE GAROTO, se tentasse, conseguisse emplacar tal feito nas páginas do livro.

Mas poderia conseguir outra façanha, a de “disco mais ruidoso de 2012”, não exatamente um recorde, mas algo que satisfaz a necessidade artística de Thiago: “sou o rei do barulho”, brinca.

Ouvindo “Garoto Alce”, o tal disco gravado em tempo recorde, você percebe que talvez, mesmo sendo uma brincadeira e que ele não ache isso de fato, ele é um dos caras no Brasil cujo resultado de composição do barulho mais explora os limites do sensato ao ouvido e ao cérebro humano.

É tudo, como ele mesmo conta, “feedback, microfone, amplificador, microfonia controlada e processada nos pedais e ‘beats‘ que eu tiro (principalmente em ‘Cavaleiro’) de objetos do meu quarto, como cinzeiro de ferro, cadeira batendo contra o chão, raspando… É tudo do mic, tu manipulas o mic na frente do amplificador, mexendo o mic, distanciando, girando, e a microfonia varia; é essa variação que eu uso pra tirar notas diferentes”.

Percebe-se, pois, que o som não é “controlado”, o artista, no momento da extração, não sabe exatamente o que vai conseguir, porque “é tudo na base do feedback, é bem intuitivo; cada vez que eu aproximo o mic do ampli, uma nova frequência é acrescentada, essa soma de frequências vai resultar no som em si”, diz Thiago.

Tento provocar o artista – que está sempre provocando a gente com seu som – destacando os picos de agudos de “Cavaleiro”. Thiago, mais uma vez, se diverte, rindo: “o agudo tem disso mesmo, uma relação de amor e ódio, tipo Karasyozoku (Nota Editor: trio japonês com integrantes de nomes curiosos, Annoying Labia, Dr. Torikabuto e Kichi, que tem um cassete, digamos, estranho, lançado em 2008, “Mischievous Sigyn 1923”), eu adoro, mas tem vezes que preciso tirar o fone”.

“Garoto Alce” mais espanta do que atrai. São loopings constantes de ruídos, que pra um ouvido mais afeito à MTB podem ser até mesmo relaxantes, hipnóticos, se ouvidos num volume humanamente decente.

São quatro músicas e “Caveira”, por conta dos samplers, lembra um bocado “Pulso”, do mais recente disco do Sobre A Máquina. Mas é realmente “Cavaleiro” a mais extremada.

“Sim, esse (disco) tá muito agressivo, por isso lancei sem masterizar, sem muita edição, pra manter esse ar mais rústico, sem tanto compromisso”, conta Thiago.

O disco pode ser baixado de graça no Bandcamp do projeto e deve ser ouvido com moderação.

Senão, experimente:

1. Drape
2. Caveira
3. Vapor
4. Cavaleiro

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