OS MELHORES DO ANO – 2011: MICOS & MALAS

É óbvio que é uma brincadeira. Mas se você quiser levar a sério, fique à vontade. Listamos aqui cinco momentos que se tornaram exemplos pra chacota nacional e dez nomes de pessoas que não gostaríamos de nem pronunciar em 2012. Mas é claro que muito assunto ficou de fora.

Claudia Leitte voando de cabeça pra baixo no Rock In Rio; Daniel Ganjaman rebatendo insanamente as críticas ao Criolo; Modest Mouse cancelando seu show no SWU e Vaccines, no Planeta Terra; o vídeo dos globais sobre Belo Monte; o “fim” teatral de Zezé di Camargo e Luciano; Neil Young cantando “parabéns pra você” no SWU, numas de tirar com a cara da audiência (mas era a sério); os shows “de rua” do Ok Go; os filmes da série “Amanhecer”; o anúncio de mais uma volta do Los Hermanos (que por si só já é um mico e uma malice sem tamanho); e por aí afora, foram alguns dos itens citados, como “micos do ano”.

Cada votante escolheu cinco “micos”, e cinco “malas nacionais” e “malas internacionais”, sendo que a pontuação máxima era 5; a mínima, 1; e a menção honrosa valia 0,5) – leia com atenção o método aqui, no final do post.

O resultado foi esse:

MICOS

5.

Lobão x Perry Farrell
Votantes: 3 (RM, CT e FN)
Pontos: 8
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Quando: novembro

Foi uma coisa chatíssima essa discussão de duas crianças mimadas. Lobão gritava por uma suposta defesa dos “direitos dos artistas brasileiros em festivais” e Perry Farrell, o dono do Lollapalooza, chorava pelos cantos, se fazendo de vítima e falando asneiras sobre o Brasil e a América Latina, com a enxurrada de críticas que recebeu. Ambos achavam que estavam agradando. Não estavam. Lobão acabou fora do festival e Farrell viu o sistema de vendas online do Lolla o desqualificar ainda mais. O bate-boca público virou chacota na Internet. E nós demos boas risadas.

4.

Christiani Torloni no Rock In Rio
Votantes: 2 (FB e LD)
Pontos: 9
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Quando: outubro

Não é todo dia que se cria um meme desses: “hoje é dia de rock, bebê”. A Christiani Torloni, com sua cara de museu de cera, chapada de agentes alucinógenos não identificáveis e tentando manter a pose, é hilariante – tanto quanto o desconforto da bonequinha-descolada-do-contexto Dani Monteiro, pagando de repórter de área VIP. Os VIPs, todo mundo sabe, são a maior fonte de piada-pronta de qualquer sociedade. Christiane Torloni virou musa dessa turma. Mico em rede nacional, bebê.

3.

Cobertura dos festivais pelo Multishow
Votantes: 4 (FL, JVM, FN e CP)
Pontos: 11,5
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Quando: setembro/outubro/novembro

Fico imaginando a diretoria do Mulstishow negociando com suas estrelas: “vamos transmitir o Rock In Rio ao vivo e queríamos pessoas jovens e descoladas como vocês, a cara do público do festival, pra apresentar; mas, olhe, o nosso slogan é ‘a vida sem roteiro’, então não tem roteiro mesmo!”. Luiza Michelleti, Dani Monteiro, Didi Wagner, Erika Madder, essa gente que entende tudo de música, e, claro, o impagável Beto Lee, acharam que podiam entrar nessa e levar a “vibe” sem-roteiro apenas com o conhecimento de causa. Virou um Multishow de horrores. A história do “quem sabe faz ao vivo” nunca fez tanto sentido. Claro que é impossível roteirizar uma transmissão ao vivo, mas há como minimizar equívocos. O Multishow parecia querer maximizá-los. E conseguiu. Não contente com isso, achando que haviam acertado, partiram logo depois pro SWU. Nunca foi tão divertido ver um festival da poltrona.

2.

Axl Rose sem voz, com sua capa amarelo, no Rock In Rio
Votantes: 5 (FL, RM, MC, FN e CP)
Pontos: 15,5
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Qaundo: outubro

O encerramento ideal pro festival mais engraçado do ano. O Guns’N’Roses é uma ex-banda em atividade há pelo menos dez anos. Mas há quem pague pra vê-la ao vivo e há quem a coloque como cabeça de um festival de grande porte. Aí, caro e raro leitor, é piada certa. Axl Rose, que já foi sonho de consumo de menininhas (hoje mães de família, quiçá avós), está mais fora de forma que o ex-Fenômeno sa Seleção Brasileira. Com a chuva que caiu no Rio de Janeiro, no último dia de Rock In Rio, o cidadão ainda resolve aparecer com uma impagável capa de chuva, parecendo um enorme pimentão amarelo, pronto pra explodir. Porém, essas esquisitice visual poderia cair por terra se sua voz tivesse, pelo menos, dez por cento da potência que exibia no início da década de 1990. Os anos e os hectolitros de vodca cobraram a fatura: Axl é exatamente o que aparenta, um balofo sem voz, destruindo não só sua reputação, mas deixando com vergonha os corajosos fãs que pagaram pra vê-lo. Ao menos, poderia se candidatar a um quadro na “Praça É Nossa” ou no “Zorra Total”.

1.

Rock In Rio
Votantes: 5 (JVM, MC, LD, CP e EC)
Pontos: 16,5
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Quando: setembro/outubro

Quatro dos cinco “micos” do ano, pros votantes do Floga-se, tem a ver com o Rock In Rio. Quase unanimidade. Um festival que teve Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Keisha e outras aberrações e a assinatura “rock”, só podia dar nisso. No fim das contas, foi divertido, mas pra quem não foi e ficou nas redes sociais lendo a quantidade quase infinita de piadas sobre qualquer um que estivesse no palco. Pensando bem, nem isso foi legal: o Rock In Rio acabou criando uma turba de comediantes que não diferem muito em qualidade dessa geração de stand ups que infesta a televisão…

MALAS NACIONAIS

5.

Pablo Capilé
Votantes: 3 (FL, FN e CP)
Pontos: 5,5

A figura-símbolo do “movimento” Fora do Eixo tem importância inegável pra fomentação da música independente brasileira. Mas os discursos do Fora do Eixo, bem como seus defensores xiitas, a incapacidade de aceitar ataques e brincadeiras (infantis ou inteligentes) e o modo pseudo-intelectualóide de expressão (é um tal de “memética”, “vocalização”, “agentes”, “contextualização” etc.) o colocam certamente como um dos malas do ano por ser a bucha de canhão disso tudo. Se este site tivesse alguma importância (quem nem pretende ter), talvez acabasse sendo taxado de “não-relevante” ou “agente do pós-rancor”, que não “qualifica nem contribui pro debate franco”, e que não entende que o importante é “refletir e não rivalizar sobre por onde começa esse debate e quais são os atores que o vocalizam”, além de não sacar “esse lance de pós-marca”. O papo político tirou da maioria das pessoas a vontade de entendê-lo – mas, pô, é um papo político, a música é só o trampolim.

4.

Beto Lee
Votantes: 3 (FL, JVM e CP)
Pontos: 9,5

Pobre Beto Lee… O filhote da tia Rita caiu numa fogueira ao comentar a bomba do Rock In Rio, em entradas ao vivo, mas sempre pra elogiar. O lance é que os adjetivos baba-ovo não são muitos na língua portuguesa, incluindo aí as gírias, de modo que os espectadores sempre se deparavam com um Beto Lee usando a mesma veemência pra engrandecer o show do Capital Inicial, da Cláudia Leitte, da Kesha ou do Snow Patrol. Sempre começando com, claro, um “uau”. É que “foda, véi” ainda não é apropriado pra televisão.

3.

Banda Uó
Votantes: 3 (FL, RM e CP)
Pontos: 12

Eis aqui o maior exemplo do besteirol que tomou conta da “música indie” (sempre entre aspas) brasileira. A Banda Uó não é apenas deprimente do ponto de vista musical, mas é vergonhosamente chata, ao desapropriar (Capilé feelings) o tecnobrega paraense pra “reler” músicas do Strokes e outros “indies” (sempre entre aspas). “Shake do Amor”, “Rosa” e “Gosto Amargo do Perfume” são exemplos do quão vil e tenebrosa pode ser a produção “jovem” dessa “gente Augusta”. Porém, mais chata do que a música, a própria banda e suas roupas “chocantes”, são os fãs dela. Sim, há fãs desse estrupício.

2.

Lobão
Votantes: 4 (FL, RM, LD e FN)
Pontos: 12

O Lobão sempre foi um despirocado, que fala na cara e não tá nem aí pras consequências. É um mala nato. Mas é um chato que a gente aprende a gostar, até porque suas músicas são bem boas, principalmente na fase independente. Só que em 2011 ele deu uma amalucada maior do que o usual. Os votos aqui não vão só pro quiproquó com Perrty Farrell, embora já fosse suficiente, é que Lobão resolveu “defender” até torturador que atuou no regime militar brasileiro, entre outras declarações. Há chatices e chatices: o Lobão sempre foi um chato-legal. Com tanta exposição sem ser pela música, acabou merecendo o posto.

1.

Criolo
Votantes: 5 (FL, FB, JVM, MC e EC)
Pontos: 18

Talvez o problema não seja o Criolo em si – que tem lá suas virtudes como artista e como batalhador pelo seu espaço e tals (é a velha história deprimente do gosto é gosto). Mas a celeuma em torno do seu nome, de como ele e o produtor Daniel Ganjaman não aceitaram as críticas e as brincadeiras, ou o modo como ele se expressa em seus shows, numa humildade aparentemente posada (nenhum dos votantes aqui conhece o artista pessoalmente), incentivando a polarização entre quem gosta dele e quem não gosta dele, é que merece o posto. Se já é chato ouvir o Criolo, ouvir sobre o Criolo é mais chato ainda.

MALAS INTERNACIONAIS

5.

Bono Vox
Votantes: 2 (FB e FN)
Pontos: 5

O Bono é chato pra caramba – quem entender isso terá um pouco da tranquilidade na vida: basta evitar ouvi-lo. A regra vale com ou sem o U2, mas principalmente sem o U2. E isso vale pra qualquer ano, até mesmo quando ele não faz nada (a mesma lógica é aplicável ao Coldplay). Bono quer ser santo em vida e o Vaticano não faz nada? Cadê a Inquisição, meu caro Bento?

4.

Lana Del Rey
Votantes: 3 (FL, JVM e CP)
Pontos: 8,5

Beleza, você gosta da Lana Del Rey – aquela boca, aquelas pernas… Mas gostar da música dela? Há limites, há limites! Nem todo hype é chato – os piores são os difundidos por todo mundo, sem pensar, automaticamente. A mocinha é linda e tals, canta bem pra diabo, mas ainda é melhor vê-la no mudo – ou será no dia em que ela resolver chutar umas canelas ou vier se aninhar aqui no nosso colo.

3.

Lou Reed + Metallica
Votantes: 4 (FL, FB, MC e CP)
Pontos: 15

É o efeito “Lulu”, um dos discos mais chatos do ano (que em uma década haverá de virar um clássico, enaltecido pelas mesmas pessoas que fazem chacota dele, anote aí). Sim, a peça é irritante e o que é penoso é que tinha tudo pra dar certo. Pra piorar, ainda chamaram o pobre do Darren Aronofsky pra dirigir o primeiro vídeo oficial. Alguém tem notícia se ele mergulhou nas drogas ou se enforcou depois do trabalho? (P.S. relevante: “Lulu” ainda é melhor que a Banda Uó).

2.

Peter Gabriel
Votantes: 4 (FL, RM, MC e CP)
Pontos: 17

Foi o show mais chato do SWU, foi a encrenca mais legal do SWU, porém por um motivo idiota e igualmente chato. Uma orquestra com oitocentos mil pessoas, uma luz baixa pra dar o clima, alto da madrugada… O Peter Gabriel queria fazer dormir a audiência. Deve ter conseguido, entretanto quem não foi aos braços de Morfeu deve ao menos ter caído na gargalhada com tamanha pretensão. World Music (ainda mais feita por gringo) sempre vai ser um troço chato.

1.

Perry Farrell
Votantes: 6 (FL, RM, JVM, MC, FN e EC)
Pontos: 23

Chato porque não conseguiu discutir com o Lobão, chato porque chorou por isso, chato porque ficou se lamentando como vítima por um bom tempo, chato porque fodeu a vida de muita gente com aquele site inoperante de venda de ingressos ao Lollapalooza Brasil, chato porque montou um lineup chato, chato porque não aposentou de vez do Jane’s Addiction, chato porque é um ignorante e um analfa geográfico funcional, chato porque é legal achar o cara chato.

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Comentários

comentários

11 comentários

  1. Lana Del Rey: achei que era o único a não gostar de suas músicas. Ela realmente tem uma boa voz, mas não consigo, de fato, gostar dela. Um hype imensurável.

    Banda Uó: Cara, como algo tão ruim pode ser considerado música? Nada mais a declarar.

    Criolo: Não tenho nada contra o cara, mas não gosto. Entendo a trajetória dele, mas nem por isso vou engolir a música que ele faz.

  2. Hum… Acho o Criolo nem um pouco chato, mas entendo acharem. Afinal, o cara parece ter tolerância zero com “babaquice” e “brincadeiras” que o povo costuma fazer… Vide em entrevista ao Clemente no tal programa “Estudio Showlivre”. Na verdade acho que os chatos é que são cortados pelo Criolo, isso sim! hehe Carinha vem com aquelas piadinhas tontas, com aquela marra do “politacamente incorreto” pra cima dele e leva logo a merenda que merece. ahaha
    Gosto da postura dele, das opiniões…

    Essa Lana Del Rey realmente e o Rock In Rio realmente foram uma coisa… Vale nem comentar. xD

  3. “chato porque não aposentou de vez do Jane’s Addiction, chato porque é um ignorante e um analfa geográfico funcional, chato porque é legal achar o cara chato”

    Ainda bem q não aposentou o Jane´s que aliás nem curto tanto mas tudo que ouvi é mil vezes melhor que muitas coisas novas que tem “aparecido”, inclusive boa parte das bandas “maravilhosas” que são citadas aqui no Flogase.

    Q mau humor seu Fernando.

  4. Pô, mas esse último disco do Jane’s Addiction é de uma chatice sem limites. Parece jogador de futebol com 40 anos se recusando a encerrar a carreira e jogando em times minúsculos. E o slogan do Floga-se sempre foi “um site sobre bandas boas e outras nem tanto”. Cabe a cada um definir em qual categoria as bandas se encaixam. Quanto ao mau humor, você definitivamente entendeu errado – esse post é justamente uma brincadeira bem humorada. Que isso, pós-rancor (a/c Capilé)?

  5. Só não concordei com tudo porque não me liguei nessa celeuma do Criolo. Gostei do disco, mas não vi nem show e nem esse lance de rebater as críticas. Mas tá valendo.

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