TITÃS NO ALLIANZ PARQUE – COMO FOI

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Não é só o nome, o Titãs é uma grande banda, das maiores do Brasil, está na história e tudo o mais. Com o início das bem sucedidas aventuras solos de Nando Reis e Arnaldo Antunes, além da morte de Marcelo Fromer, a banda um tanto que se arrastou em discos e projetos duvidosos, mas sempre com um traço comum: o sucesso. Sucesso esse comprovado na recente turnê “Encontro”, de quarenta anos de banda: ingressos esgotados e comoções entre gerações, com pais e filhos se divertindo juntos com o rock (hoje) inofensivo da banda (todo rock hoje é inofensivo, é verdade).

A vibração saudosista da maioria dos presentes coloca o Titão em um campo de facilitação. A vida até parece uma festa e certas horas isso é o que nos resta de fato. Então, é exatamente o que os integrantes entregaram. Três horas de sucessões, pra todo mundo cantar junto, como em um karaokê, com uma estrutura de telões e luzes no patamar de grandes estrelas mundiais. O Titãs vale, o Titãs merece.

Na sexta-feira, dia 16 de junho de 2023, primeira apresentação das três esgotadas em São Paulo, a banda já estava afiada de novo, funcionando como sempre funcionou, encaixadinha, com as personalidades bem definidas assumindo seus vocais e as pessoas opinando quem é melhor e quem é pior – Sergio Brito, por exemplo, pra mim, é aquele mala-sem-alça querendo aparecer, enquanto Arnaldo Antunes é o divertido e Branco Mello, sem voz e com esforço gigantesco, emocionou.

Foram trinta e duas músicas e, sim, faltaram essa e aquela na preferência de cada um no público – pra mim, faltou “Insensível” – o que é inevitável, mas a seleção apresentada conseguiu fazer todo mundo cantar (e todo mundo cantou quase todas), acender as lanternas dos celulares, levantar as mãos, beijar, pular, gritar, rir e chorar. Teve de tudo.

Mas nem tudo foram flores. O pulso da apresentação, o som, estava terrível pra quem se posicionou mais distante do palco: guitarra embaralhada, baixo inexistente muitas vezes, bateria flutuando – há relatos de que quem estava mais próximo do palco achou o som “perfeito”, pra se ter uma ideia da dificuldade de apresentações em estádios desse tamanho.

Não é caso de dar nomes aos bois (ah, eles inseriram merecidamente Bolsonaro no rol dos imprestáveis da história), mas houve certos momentos irritantes por conta do som, especialmente no set acústico, com Alice Fromer, a parte dispensável da apresentação, mas que rendeu os melhores vídeos pra se colocar nas redes sociais, com “Os Cegos Do Castelo” e “Pra Dizer Adeus”, além da apropriada versão de “Ovelha Negra”.

Até no erro, o Titãs desse “Encontro” acertou. O set foi colocado naquele momento “vá ao banheiro”, pra depois voltar porrada, com hits atrás de hits, incluindo “Família”, a versão de “É Preciso Saber Viver”, de Roberto Carlos, “Flores”, “Televisão” (talvez o maior coro da noite), “Polícia”, “AA UU” e “Bichos Escrotos”.

O bis veio com mais três: a maravilhosa alfinetada de “Miséria”, do ótimo “Õ Blésq Blom” (1989, último da fase de ouro da banda), “Marvin” e “Sonífera Ilha” – e, enquanto o pessoal saía do estádio, o som local ofereceu as gravações originais de “Domingo” e “O Que”, pra que a festa se mantivesse por mais tempo.

A morte não causa mais espanto, nem a miséria em qualquer canto: pra quem gastou mais de duzentos reais pra estar ali, é como um grito de desabafo, não está fácil pra ninguém. Se encontrar com velhas músicas de uma velha grande banda ajuda a encarar os grandes problemas do dia a dia. O encontro com a nostalgia só não funciona pra bichos escrotos.

Parte 1
01. Diversão
02. Lugar Nenhum
03. Desordem
04. Tô Cansado
05. Igreja
06. Homem Primata
07. Estado violência
08. O Pulso
09. Comida
10. Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas
11. Nome Aos Bois
12. Eu Não Sei Fazer Música
13. Cabeça Dinossauro

Set Acústico
14. Epitáfio
15. Os Cegos Do Castelo
16. Pra Dizer Adeus
17. Toda Cor (com Alice Fromer)
18. Não Vou Me Adaptar (com Alice Fromer)
19. Ovelha negra (Rita Lee cover, com Alice Fromer)

Parte 2
20. Família
21. Go Back
22 É Preciso Saber Viver (Roberto Carlos cover)
23. 32 Dentes
24. Flores
25. Televisão
26. Porrada
27. Polícia
28. AA UU
29. Bichos Escrotos

Bis
30. Miséria (com Introdução por Mauro e Quitéria e vinheta final)
31. Marvin
32. Sonífera Ilha

No som do estádio
Domingo
O quê

É possível ver o show na íntegra aqui (por graça de Alexandre “trabalho sujo” Matias):

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