TOKYO POLICE CLUB NO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS – COMO FOI

Tava tudo como planejado pra agradar: lugar descolado, bem localizado, perto do metrô, no centro da cidade; produção perfeita, com muitos mimos pros participantes, iluminação eficiente, cenografia com imagens, elementos e objetos que contavam a história do aniversariante; e, nos bares, uísque de primeira, que era servido puro, com gelo ou com misturas não tanto ortodoxas, como Coca-Cola, suco de maracujá e Schweppes. Provei todas e todas as combinações funcionaram bem.

O que não funcionou foi outra combinação.

Havia um show, do Tokyo Police Club, e ele não desceu tão redondo. Trataram o quarteto, que já não é grande envergadura, como coisa fina, mas ela não passa de uma bandinha de faculdade, um produto com a melhor etiqueta da indústria paraguaia.

Ok, era só pra embalar o porre de uísque de empolados e mocinhas delirantes de academia ali presentes. Não havia sequer vinte fãs da banda, entre as 700 pessoas presentes. O que se viu, então, foi um show como desses de baile de debutante, um desastre por vezes constrangedor. Certamente alguém já foi a velórios um tanto mais animados, embora com luzes menos bonitas e vibrantes, e sem bebidas.

Logo no começo da apresentação, a frente do palco estava razoavelmente cheia, com pessoas procurando um espaço melhor pra ver os canadenses. Duas ou três músicas depois, as mesmas pessoas já estavam em outra empreitada: se acotovelando por mais uma dose de uísque num dos três bares do local ou no sufocante e apertado fumódromo. Só vinte ou trinta pessoas, se muito, permaneceram confiantes, a ver o esforço – que também foi parco – da banda em tentar convencer com seu repertório raquítico.

Um ou outro fã cantava as músicas de cabo a rabo, sem se importar em parecer um mico-leão-dourado, um bicho em extinção num zoológico com atrações mais interessantes. Ninguém estava se importando muito.

Um fiapo de animação se viu apenas ali no final, com a trinca “Breakneck Speed”, “Wait Up (Boots Of Danger)” e “Your English Is Good”. Fim de papo, a banda tomou um shot de uísque, sorriu pra plateia, jogou umas camisetas pra plateia e foi pro caixa receber o pagamento.

Ninguém se importou. Na emenda, veio um bate-estacas mais apropriado aos desejos da audiência, essa gente bronzeada e ansiosa por uma boca-livre. Fosse uma festa apenas com DJ Set, ok pra todos aqueles presentes. O que a produção tentou foi angariar um pouco de credibilidade, mídia espontânea e atenção de consumidores mais jovens, ao aliar a marca de seu centenário produto a uma banda supostamente cool.

Pois é, o pessoal de criação nem sempre acerta a mão. Mas será fácil ler por aí que a festa foi boa, afinal estava tudo como manda o figurino e a fartura transbordava. Quem já trabalhou em agência, com produção de eventos, dificilmente notaria uma falha (houve duas bem sentidas: na entrada, na checagem dos nomes dos convidados, o gerou uma pequena fila; e na saída, com o serviço de vallet, com gente esperando duas degastantes horas pra pegar o carro). Quem gosta de música, porém, ficou com a sensação de uma noite perdida, imprópria pra paciência.

Ao menos, no final das contas, Mr. Jack pode se orgulhar de seu produto: independente de quantas doses você tenha enfrentado, não fosse esse show, a ressaca seria zero. Foi uma mistura que não caiu bem.

01. Favourite Colour
02. Nature Of The Experiment
03. Graves
04. Top 5
05. End Of A Spark
06. In A Cave
07. Tessellate
08. Not Sick
09. Gone
10. Frankenstein
11. Be Good
12. Bambi
13. Breakneck Speed
14. Wait Up (Boots Of Danger)
15. Your English Is Good

Veja “Nature Of The Experiment”:

Veja “Breakneck Speed”:

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Comentários

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7 comentários

  1. Você estava realmente lá? Ou estava com bastante alcool na mente pra não perceber que mesmo sem tantos fãs (porque era uma festa fechada) eles se esforçaram bastante pra fazer um show que agradasse a todos? E outra, não escreve o que não sabe, por favor. Eles nem foram pro camarim, ficaram lá conversando e dançando com um monte de gente como pessoas normais, e inclusive, foram muito simpáticos.
    Acho que se for criticar, no mínimo, você tem que saber o que se passou.

  2. Sim, estava lá e achei exatamente isso que se passou. Resenha é uma percepção pessoal, não coletiva, não precisa ser do jeito que você quer ou que outra pessoa deseja. Dizer que eles foram pro camarim (não disse isso, mas, enfim…), ou, no caso, que foram pro caixa receber o pagamento, foi uma metáfora pra dizer que cumpriram seu papel e “um abraço, agora só quero me divertir”. É impressionante como fãs defendem as bandas como se fossem suas, cegando a si próprios pros erros e deslizes delas. Eu poderia perguntar o mesmo, se você estava lá pra saber o que se passou, mas não duvido disso. Além do mais, talvez você não tenha lido, ou se leu talvez tenha dificuldade de compreensão, mas eu critiquei basicamente a má escolha da banda pra um evento desses, justamente no por permitir que os fãs de verdade pudesses estar presentes. Digo fãs de verdade, nãos os xiitas, porque com esses a surdez e a cegueira impendem a argumentação.

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