OS DISCOS DA VIDA: KATTY WINNE

Ela é uma moça novinha, novinha, ainda. Dessa maneira, pode-se supor, “Os Discos da Vida” de Katty Winne são ainda de uma vida ainda em construção. Mas isso é evidentemente uma besteira: não é preciso ser um senhor de idade avançada ou perto da aposentadoria pra ter sido tocado por algum disco, ou ver o rumo da vida mudado por uma canção.

Katty Winne, com sua música (em especial seu belo EP “Molly Gun”, lançado em 2012), mostrou que os discos listados abaixo foram, sim, forte influência na sua vida, inclusive artística. Se ela vai levar em frente ou vai ser influenciada por outros discos, só a própria vida é que poderá dizer. É esperar pra ver – e ouvir.

Pelas suas palavras explicando os motivos de cada escolha, percebe-se que ela ainda tem a doçura de quem está descobrindo sons e experiências. É a fluência da vida, o curso normal – a dela foi moldada musicalmente assim, pra nosso deleite.

KATTY WINNE

Weezer – “Weezer” (1994)
Conheci o Weezer por causa da MTV. Quando vi o clipe de “Buddy Holly”, disse: “que coisa magnífica!”. O “Blue Album” é lindo! É o disco deles que eu faço questão que todos ouçam! Não quero ser uma imitação do Weezer. Mas a verdade é que as belas melodias desses caras são de fazer uma “invejinha branca” (ri). Acho que eles têm uma canção pra todo tipo de situação! Já ouvi no banho, namorando, chorando e sorrindo. Tem coisas que só o Weezer pode “ativar” no meu humor! Eu lembro que quando terminei “Johnny”, pensei: “Rivers Cuomo com toda certeza poderia criar algo assim” (ri)!

Ouça “Buddy Holly”:

Pixies – “Doolittle” (1989)
Quando eu ouvi “Debaser”, achei que eles estavam loucos! Que tipo de som lindo é esse? Essa coisa do “solinho que gruda na sua cabeça feito um chiclete” é pra mim algo genial! Tem muito disso em minhas músicas! Eu amava ficar até tarde na rua com o Leonardo Santiago (guitarrista da Flowed) tocando “Here Comes Your Man”. Boas lembranças…
Vale um super “repeat” para Monkey Gone to Heaven, La La Love You e Here Comes You Man!

Ouça “Debaser”:

Johnny Cash – “At Folsom Prison” (1968)
Comecei a ouvir por minha imensa “atração” por sons antigos. Acho que é minha “ligação divina” com meu pai (ri). Apesar de não morar com ele desde os cinco anos; agora que estamos mais próximos, percebo que tenho muito do gosto dele correndo no meu sangue! Eu tenho uma imensa admiração pelo Johnny Cash, algo na voz, no jeito como ele tocava. Sinto muita sinceridade e amor nessas canções antigas. Esse disco me pareceu muito corajoso!

Ouça “Folson Prison Blues”:

The Beatles – “Abbey Road” (1969)
Aqui entra mais do meu pai! Você tem que ter toda discografia! Eu me lembro de ainda pequenina (lá pelos quatro aninhos) ver meu pai ouvindo Beatles, Bob Dylan (que quase entrou na lista) e coisas nacionais como o Titãs e o seu fantástico “Cabeça Dinossauro”. Sempre que ouço o “Abbey Road”, me vem às poucas lembranças que tenho da minha infância. Lembro que quando eu comentava da imensa influência dos Beatles no mundo do rock, a galera mais jovem ficava me chamando de “roqueira flashback” (ri). Minha música favorita deles não está nesse disco, mas sempre a coloco juntinho na mesma pasta (ri): “All You Need is Love”!

Ouça “You Never Give Me Your Money”:

The Jesus & Mary Chain – “Psychocandy” (1985)
Aqui, como muita das coisas que ouço hoje em dia, foi sugestão do Mário Alencar! De primeira eu pensei: “que barulheira”! Quando o disco finalmente acabou (eu realmente ouvi até o fim), estava cantando “Just Like Honey” várias e várias vezes. Fui “forçada” a me apaixonar por ele! Mentira (ri). Apesar dos meninos da banda implicarem com o meu amor pelo noise (que é muito imenso) eu sempre tento colocar a muralha barulhenta na frente da minha voz lá no fundo. Mas me parece que vamos mudar um pouco em nosso próximo trabalho.

Ouça “Just Like Honey”:

My Bloody Valentine – “Loveless” (1991)
Da primeira vez que ouvi, fiquei tão “chocada” com a beleza das guitarras e a doce voz da Bilinda. Eu quis do fundo do coração fazer música dessa maneira! Foi quando ouvi o “Loveless” que minha maneira de ver a guitarra começou a mudar. Agora, eu podia fazer o que eu quisesse com uns efeitos poderosos. Lembro que na época da Slowdrop a gente ficava se perguntando se era possível mesmo fazer todos aqueles arranjos estranhos! Eu cheguei a tocar guitarra com uma baqueta (ri)! Era super divertido!

Ouça “Loomer”:

Slowdive – “Souvlaki” (1993)
Com a Slowdive não é diferente do que acontece comigo quando ouço My Bloody Valentine. É aquela sensação de paz e “agonia”! Quando eu apresentei Slowdive para um amigo meu, ele disse: “você só escuta essas músicas sem pé nem cabeça, que ninguém entende nada” (ri)! Eu ficava orgulhosa de me sentir diferente!

Ouça: “Altogether”:

Dinosaur Jr – “Where You Been” (1993)
Eu não aguentei só ouvir o Dinosaur Jr! Tinha que ver os vídeos! Pra realmente acreditar que um único cara poderia “destruir” tudo com aqueles solos tão bonitos. Era um desafio pra pegar as músicas do Dinosaur Jr., mas até que eu consegui. É quando ouço Dinosaur Jr. que eu percebo o quão importante uma banda pode ser na sua vida. A Slowdrop é uma maravilhosa lembrança. Confesso que amo o J Mascis e seu projeto fora do Dinosaur Jr.: chorei muito ouvindo o “Several Shades Of Why”.

Ouça “Goin’ Home”:

Starflyer 59 – “The Fashion Focus” (1998)
Eu gosto muito dessa banda! Uma banda cristã fazendo shoegaze? Raridade! Mas não foi só por esse motivo que passei a ouvir. Queria mais deles em minhas veias (ri)! Acho esse álbum um dos mais lindos deles. Minha favorita desse álbum é “Fell In Love At 22”. É muito importante pra mim, que uma banda consiga ser doce e barulhenta ao mesmo tempo! Eles são bons nisso. Lembro que quando ouvi “I Drive A Lot”, chorei só pelo vocal melódico. Quero ter sempre o direito de fazer música bonitinha (ri).

Ouça “Fell In Love At 22”:

Best Coast – “Crazy For You” (2010)
É até engraçado falar de um álbum que tem muita influência no meu som. Mas quando vi o clipe de “When I’m With You” eu pensei: “caramba, eu tenho praia aqui, morro de medo de palhaços, quero tocar esse som com a minha telecaster“! (ri) Foi quase isso! Gosto de tocar as músicas desse álbum, antes de dormir. Uma sequência de notas acaba levando você pra próxima música. Isso é muito legal. Best Coast é assim, tão simples, tão bonito e tão cheio de amor!

Ouça “When I’m With You”:

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Espaço Cultural Walden”.

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