OS DISCOS DA VIDA: BADHONEYS

A Badhoneys é formada por Stefano Fell (bateria) e Giana Cognato (guitarra e vocal) e Rodrigo Souto (baixo). Mas nessa edição de “Os Discos da Vida”, você verá apenas as escolhas de Giana e Rodrigo. Isso porque Stefano já havia dado sua lista à coluna, como integrante da Loomer. Então, pra completar o perfil do trio, leia “Os Discos da Vida” com a Loomer.

Há no Sul uma conjuminância entre as bandas. Stefano está aqui, na Loomer e na Transmission, por exemplo. Giana, aqui e na Electric Mind. As coisas acabam um tanto se confundindo. Mas o som de cada uma é distinto. Isso porque a formação musical de cada integrante é obviamente diferente. Essa edição deixa isso bem claro: a Badhoneys tem o equilíbrio do peso das preferências e referências de cada um. Tente perceber, identificar.

A banda acaba de lançar seu segundo EP, “Harder”. Lendo as referências abaixo, dá pra ouvir o EP de uma outra maneira, mais apurada, como se você conhecesse melhor os três. E ampliar a experiência.

GIANA COGNATO (vocal e guitarra)

Nirvana – “In Utero” (1993)
Só porque eu tinha que escolher um dos álbuns do Nirvana mesmo. Porque todos eles são meus “discos da vida”, sem exceção. Acabei escolhendo o “In Utero” porque, de certa forma, é o disco do Nirvana que faz uma síntese de tudo que eles já gravaram: tem o peso do “Bleach”, a melodia do “Nevermind” e a crueza do “Incesticide”. Eu amo a agudêra desse disco e gosto de ficar ouvindo as músicas e, ao mesmo tempo, observando o desenho da contracapa, tentando ver algum detalhe que passou desapercebido. A culpa de eu ter banda e gostar tanto “dessas coisas” (como falaria a minha mãe) se deve em grande parte ao Nirvana e ao Kurt Cobain. Sim, eu sou mais uma fã maluca do Kurt.

Ouça “Pennyroyal Tea”:

Sonic Youth – “Sonic Nurse” (2004)
Bah, quando ouvi esse disco fiquei maravilhada com o contraste entre a suavidade das melodias, o noise das microfonias e o vocal sufocado da Kim Gordon. Lindo. E aquelas guitarras? Sério: pra mim não existe guitarra melhor do que a Fender Jazzmaster. Depois que eu toquei numa, nunca mais consegui ficar satisfeita com outra. Devo ao Sonic Youth essa descoberta. Eu ouço o “Sonic Nurse” pelo menos uma vez por semana (sim, ainda! Quando eu gosto do disco ouço até furar, risos). Tomara que a banda não acabe, snif…

Ouça “Unmade Bed”:

Dinossaur Jr. – “Beyond” (2007)
Não podia faltar na minha lista. Tipo, eu não sei o que se passa com o J Mascis quando ele toca guitarra. Ele é muito genial. Adoro o jeito que ele usa a alavanca nos solos, que é uma marca registrada. A banda toda tem uma energia, mas ao mesmo tempo as letras são meio tristes; gosto muito desse contraste e me influencia muito. A música que eu mais gosto é a “Pick Me Up” e eu até já tentei tocar e cantar pra uma cover na Badhoneys. Foi aí que eu vi: o J Mascis é um FDP no melhor dos sentidos!

Ouça “Pick Me Up”:

Yo La Tengo – “And Then Nothing Turns Itself Inside-Out” (2000)
Nossa, esse disco é de uma beleza indescritível. Marcou-me muito porque eu ouvia direto quando estava longe de toda a minha família e amigos. Me dava paz e tranquilidade (coisas que são raras em mim, risos). Só sei que quando ouço a voz do James McNew ou da Georgia Hubley, me arrepio toda. O aveludado dessas vozes misturadas com as melodias lindíssimas (e às vezes às tosqueiras incríveis) do Ira Kaplan tornam esse disco único.

Ouça “Saturday”:

Cat Power – “You Are Free” (2003)
A voz e a interpretação da Chan Marchall são coisas que não têm explicação. Quando ela canta, a primeira canção do disco (“I Don’t Blame You”), eu quase choro. Eu nunca vi alguém passar tanta vulnerabilidade cantando (tá, talvez a Nina Simone). Eu admiro muito isso, porque como vocalista eu sei não é fácil se expor desse jeito, sabe? É preciso coragem. Eu tenho muita influência dela. As melodias de todo esse disco são melancolicamente geniais e simples e admiro muito essa mulher.

Ouça “I Don’t Blame You”:

RODRIGO LESZCZYNSKI SOUTO (baixo)

Rush – “Moving Pictures” (1981)
Junto com o “Led Zeppelin II”, foi meu primeiro disco de vinil. Na época (1980 e poucos), fiquei muito impressionado, principalmente com a bateria e a voz. Este disco me influenciou muito na maneira de pensar um som direto, preciso, bem acabado, onde os arranjos são econômicos mas com elementos peculiares e ricos. Com o tempo, comecei a prestar mais atenção na guitarra, que é genial, com muito uso de flanger e e delays. Não gosto de tudo do Rush, mas este é uma obra genial.

Ouça “Red Barchetta”:

Black Sabbath – “Black Sabbath” (1970)
Não sou muito do rock setentista, mas este disco é f****! Meu irmão era metaleiro e me apresentou muita coisa. Teve uma vez que fomos no Brique da Redenção comprar discos de vinil e ele comprou o “Heaven And Hell”, do Black Sabbath. Achei legalzinho, mas descobri que na verdade a banda tinha outro vocalista anteriormente. Fui lá e troquei pelo primeiro do Sabbath. Me apavorei com a atmosfera e a energia do disco.

Ouça: “Wizard”:

The Cure – “Disintegration” (1989)
Descobrir The Cure é entender que os anos 70 acabaram. A riqueza melódica, a depressão e a euforia do Bob Smith me causaram identificação instantânea. Este disco é o mais comercial da banda, todas as músicas são muito boas e diferentes uma das outras. Como que se cada música fosse um universo diferente. Isso me fascinou.

Ouça “Lovesong”:

Pixies – “Doolitle” (1989)
Eu ouvi o “Doolitle” antes do “Surfer Rosa”. Na época, fiquei louco pela banda. Ainda mais que quase ninguém conhecia. Sempre gostei de conhecer bandas que ninguém conhece… Achava isso legal! A criatividade do Pixies me marcou muito, as guitarras e o vocal gritado, foi o início de uma época, não?

Ouça “La La Love You”:

Sonic Youth – “Daydream Nation” (1988)
Um amigo tinha o “Sister”, do Sonic Youth. Eu ouvi, achei legalzinho, mas não tinha batido. Sei lá, acho que estava ouvindo shoegaze, coisas mais melódicas e não estava preparado pra tanto barulho. Eu via na MTV o clipe de “Teenage Riot” e curtia a imagem da banda. A coisa mais urbana e despojada, meio deprê e “dont giving a shit”. Resolvi dar mais uma chance. Comprei o “Daydream Nation” e me apavorei. “Across The Breeze”, “Silver Rocket” e “Total Trash” são clássicos deste disco.

Ouça “Silver Rocket”:

Na próxima edição de “Os Discos da Vida”, Looking For Jenny.

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Alex Antunes”.

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